quinta-feira, 22 de julho de 2010

CAPÍTULO VI

Muitas manhãs se passaram assim, João Carlos pegava Plauto na praça da Bandeira e juntos seguiam para a faculdade. Em uma dessas manhãs, tendo a copa do mundo como assunto a aposta foi lembrada:

- Rá, você viu como tem jogado a Alemanha, Plauto?! Eu te avisei, o Brasil não vai ter a menor chance! Disse João, entusiasmado.

- É cara, a coisa não está boa para a seleção não!

Quase irônico, João continuou:

- Ah, meu caro, os cinquentinha já fazem parte do meu orçamento!

- Calma lá, rapaz! Eu disse que a coisa está difícil, mas ainda confio na seleção. Afirmou Plauto, confiante.

- Faz-me rir, meu caro amigo, faz-me rir. Disse João às gargalhadas.

Nesse mesmo clima, entre brincadeiras e gargalhadas, os dois amigos completaram o trajeto até a faculdade.

Lá, a copa do mundo também era tema da maioria das reuniões pelos corredores. A expectativa, maior pelos “bolões” que eram realizados do que pelos próprios jogos, tomava conta de exaltar os ânimos dos estudantes. As discussões eram sempre interessantes e muito animadas. Foi em uma dessas conversas de corredor que João Carlos se apaixonou.

Artur, outro grande amigo de João, chegou muito entusiasmado, de mãos dadas com uma bela moça loira, de estatura mediana. Logo, logo tratou de apresentá-la:

- E aí, galera?! Tudo tranqüilo? Esta aqui é a Jenifer, uma amiga minha lá do bairro. Agora, ela é caloura do curso de ciências biológicas aqui da faculdade. Hoje eu resolvi trazê-la porque ela é uma amante do futebol então imaginei que ela iria curtir esses nossos papos de corredor!

- E aí, Jenifer, Tudo bem?! Chega aí com a gente vamos conversar. Chegou João Carlos, muito solícito e simpático puxando a mão da garota e a levando para o meio da roda.

Naquela manhã, Jenifer usava uma calça jeans bem justa e uma blusa clara, mais soltinha no corpo. Não usava salto, mas sustentava uma elegância. Ela tinha estudado com Artur em uma escola lá do bairro Nova Suissa, região oeste de Belo Horizonte, durante a adolescência, mas perderam o contato após a formatura do 2° grau. Foi por acaso, em uma das manhãs que ela e Artur se encontraram na faculdade e retomaram a velha amizade.

Possuidora de um alto astral e de uma grande desenvoltura e simpatia, poucos minutos de conversa foram suficientes para Jenifer conquistar a todos, principalmente João Carlos, que estava completamente envolvido pelo jeito e pelos casos que Jenifer, entusiasmada, compartilhava com os novos amigos.

- Ei, psiu, João?! Acorda, cara! Ou ao menos fecha a boca, né?! Seja mais discreto, amigo, dessa forma você vai deixar a garota constrangida! Disse Plauto, em tom bem baixo, para se fazer ouvir apenas por João.

Envolvida na conversa, a garota mal reparava nos olhares que João Carlos lançava para ela, ou, se reparou, preferiu fingir que não e continuar a conversa.

Por algum tempo a voz, o rosto, o jeito e o cheiro de Jenifer tomaram conta de todos os pensamentos de João Carlos. Nesses tempos, nem copa do mundo, nem o curso, as provas e trabalhos, nem a companhia diária e on line de O Capital tinham o menor interesse. João Carlos trocava tudo para passar uns momentos pensando em Jenifer, jogado sobre seu colchão.