terça-feira, 1 de junho de 2010

CAPÍTULO IV

Era por volta de quatro e meia da manhã e até este horário, João Carlos ficara na internet. Estava lendo sobre coisas que, no momento o interessavam muito: Karl Marx e um possível destino para o seu carnaval.
Agora, ele relaxava um pouco. Estava sobre sua cama, grande (daquelas para casais) nem macia nem dura, que cheirava a roupa limpa, recém trocada – aliás, esse era um hábito em sua casa: trocar as roupas de cama de dois em dois dias.

Antes de dormir, muitas coisas passavam por sua cabeça (antiga mania de fantasiar).Refletia sobre uma série de coisas, na verdade, sobre um monte de figuras. Naquele momento, tudo em sua vida eram figuras: o quarto onde estava, a cama sobre a qual estava, a tela de seu computador. Karl Marx era também uma figura, uma figura naquele momento bem indefinida, por sinal. Seu carnaval? Outra figura, bem bonita e, de preferência, quente.
Foi nessa última figura que João Carlos ficou por um bom tempo. Queria um lugar não muito longe, mas diferente. Queria que fosse quente, muito bonito, queria reunir seus antigos amigos e os novos, conquistados na faculdade. Queria levar uma garota, alguém que naquele momento lhe era muito importante. Quanto gastaria? Ah! Naquele momento isso não importava, afinal, carnaval só tem um por ano. Pela internet ele conhecera alguns lugares que poderiam ser seu destino final. Havia selecionado alguns lugares. Montanha ou praia? Não sabia e contava com seus amigos para decidir.
Na verdade, ele estava mais concentrado na farra que fariam no carnaval e isso o deixara muito ansioso.

Resolveu se concentrar em outro assunto. Mentalmente, retomou tudo que lera sobre Karl Marx e desejou alguém para conversar sobre aquilo tudo. Sua cabeça fervilhava em idéias. Desejou que seu avô pudesse estar presente. João Carlos tinha certeza de que ele seria a pessoa certa para esse assunto.
Como ele não estava por perto, imaginou como seria essa conversa, como seu avô rebateria seus argumentos tão bem embasados em trechos recolhidos internet afora d´O Capital. Ah! Essa conversa renderia muitas horas prazerosas de conversa. Mas não dava para imaginá-la toda. Em todo esse devaneio noturno já se passara quase uma hora e em pouquíssimo tempo ele deveria acordar para mais um dia de aula na faculdade. Abraçou-se ao travesseiro e, de cara colada com a parede, pegou no sono.

Às sete horas da manhã João Carlos estava dentro de uma calça jeans, vestindo uma camisa vermelha, calçando um all star e se despenteando de frente ao espelho. Procurou as chaves do carro, pegou a mochila onde estava seu notebook e saiu às pressas de casa.